Rosalind Franklin – do machismo à Ciência
11 de Março de 2014 at 19:07 3 comentários
Por: Nathália Cristina Gonzalez Ribeiro
Bióloga. Mestranda em Biologia Comparada pela UEM
Imagine uma época onde era raro ensinar química e física para garotas. Apenas homens podiam utilizar os restaurantes das universidades e onde havia estabelecimentos para apenas um dos sexos. Foi numa época assim que a biofísica britânica Rosalind Franklin desenvolveu o trabalho que ajudou a revolucionar a ciência. Entretanto, Franklin foi subestimada pelo fato de ser mulher…
Rosalind Franklin nasceu em 25 de julho de 1920. Na escola, já se destacava nas aulas de ciências e aos 15 anos decidiu tornar-se cientista. Em 1938 matriculou-se no Newnham College, faculdade da Universidade de Cambridge, só para mulheres. Em 1942, já formada, começou a trabalhar com pesquisa no Reino Unido. Obteve seu título de doutorado em 1945, pesquisando sobre o carbono e microestruturas de grafite.
Em 1951, a pesquisadora passou a ser pesquisadora no King’s College de Londres, onde pesquisava sobre DNA paralelamente a outro pesquisador, Maurice Wilkins.
Avançando rapidamente em suas pesquisas, em 1952, Franklin obteve ótimas imagens do DNA utilizando raio-X, sendo a principal delas, a “Fotografia 51”. Infelizmente, a pesquisadora não percebeu que a fotografia mostrava a estrutura do DNA, motivo de disputa entre pesquisadores na época.
Um aluno que Franklin, sem que ela soubesse, mostrou a fotografia a Wilkins, que por sua vez, a mostrou para Watson e Crick, atuais detentores do mérito por terem descoberto a estrutura de dupla hélice do DNA.
Com o inusitado material em mãos, Watson e Crick perceberam o que Rosalind não percebeu: a estrutura em forma de dupla hélice do DNA. Por sua vez, publicaram a descoberta na revista “Nature” sem ao menos citar Franklin.
Devido a um câncer no ovário, Rosalind Franklin faleceu aos 37 anos, em 1958, sem ter recebido mérito algum por seu trabalho e acreditando que os pesquisadores haviam chegado a tais resultados independentemente de suas pesquisas.
Ela passou a ser reconhecida apenas a partir do final dos anos 1960, e em 2000, o próprio Watson reconheceu o papel de Franklin na descoberta. Anos mais tarde também foram descobertas cartas trocadas entre Watson, Crick e Wilkins, chamando a pesquisadora de bruxa e reconhecendo que não teriam chegado a seus resultados sem a fotografia 51.
Rosalind Franklin é uma mulher que merece ser lembrada como peça fundamental para os conhecimentos atuais sobre genética e para a luta contra o machismo.
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1. Nathália | 8 de Outubro de 2015 às 15:21
Mais triste é que acontece ainda hoje…
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2. Jade | 11 de Março de 2014 às 23:15
Roubar o trabalho do outro, coisa clássica e depressiva no mundo de pesquisadores.
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3. deborasantana2012 | 13 de Março de 2014 às 22:13
Pois é Jade, isso é uma triste verdade.
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