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Qual a diferença entre Gene, DNA e cromossomo?

Prof. Dr. Sônia Trannin de Mello

A primeira questão que sempre aparece quando falamos de genética recai na seguinte dúvida: Qual a diferença entre GENE, DNA e CROMOSSOMO? De modo amplo podemos dizer que é o tamanho que cada um possui. O gene é o menor deles (cerca de metade do diâmetro de um fio de cabelo); vários genes formam as fitas duplas de DNA (dispostos em fila teriam cerca de 6 bilhões de Km); já os cromossomos (uma vez e meia o diâmetro de um fio de cabelo) são fitas de DNA que sofreram um processo de espiralização ou condensação para serem melhor acondicionados no interior da célula.

O GENE é constituído por moléculas químicas denominadas bases nitrogenadas, que, por sua vez, são classificadas como purinas: Adenina e Guanina e Pirimidinas: Timina e Citosina. Essas 4 bases nitrogenadas se ligam, por meio de conexões químicas, formando os diferentes genes.

As bases nitrogenadas são representadas pelas letras A, G, C e T (Adenina (A); Guanina (G); Timina (T); e Citosina (C). Assim, podemos dizer que temos um “alfabeto genético” formado pela combinação dessas bases. Contudo, importante lembrar que a base Adenina liga-se, normalmente, à base Timina (A-T) por meio de duas ligações de hidrogênio e a Guanina, normalmente, à base Citosina (G-C) por meio de três ligações de hidrogênio.

A combinação dessas letras forma uma sequência. Cada sequência, para ter um significado para célula, deve conter 3 letras capazes de receber um aminoácido, sendo chamada de códon (AAT, CCG, ATC). A sequência de vários códons (AATCCGATC…) definirá qual deverá ser a sequência de aminoácidos para sintetizar uma proteína necessária para a formação de uma característica do indivíduo. Assim, cada sequência de códon possui um significado (uma receita) que definirá uma característica do ser humano, como por exemplo, gene para a proteína colágeno, gene para cor do cabelo, para altura, cor da pele, cabelo liso ou enrolado, etc.

Nos genes encontramos as instruções para produzir tudo aquilo de que nosso organismo necessita. Os humanos têm uma estimativa e 35000 genes. A esse conjunto de genes (palavras) que formam um determinado organismo dá-se o nome de genoma.

Já o DNA é a sequência completa de bases nitrogenadas, que contém as informações necessárias para a formação e manutenção de um ser vivo. Cada célula do nosso corpo possui uma fita dupla de DNA, o que garante que todas elas reproduzam sempre a mesma “receita”.

Finalmente o Cromossomo é a fita dupla de DNA que sofreu um processo de espiralização.  Podemos dizer que essa foi a forma que as células encontraram para manter o material genético organizado dentro do núcleo, além de ocupar menos espaço. Somente no momento em que surge a necessidade de sintetizar uma determinada proteína é que ocorre, no local onde está escrito o gene da proteína solicitada, a desespiralização do cromossomo e a abertura da dupla hélice.

 

 

19 de Agosto de 2014 at 20:38 Deixe um comentário

Rosalind Franklin – do machismo à Ciência

Por: Nathália Cristina Gonzalez Ribeiro

Bióloga. Mestranda em Biologia Comparada pela UEM

Imagine uma época onde era raro ensinar química e física para garotas. Apenas homens podiam utilizar os restaurantes das universidades e onde havia estabelecimentos para apenas um dos sexos. Foi numa época assim que a biofísica britânica Rosalind Franklin desenvolveu o trabalho que ajudou a revolucionar a ciência. Entretanto, Franklin foi subestimada pelo fato de ser mulher…

Rosalind Franklin nasceu em 25 de julho de 1920. Na escola, já se destacava nas aulas de ciências e aos 15 anos decidiu tornar-se cientista. Em 1938 matriculou-se no Newnham College, faculdade da Universidade de Cambridge, só para mulheres. Em 1942, já formada, começou a trabalhar com pesquisa no Reino Unido. Obteve seu título de doutorado em 1945, pesquisando sobre o carbono e microestruturas de grafite.

Em 1951, a pesquisadora passou a ser pesquisadora no King’s College de Londres, onde pesquisava sobre DNA paralelamente a outro pesquisador, Maurice Wilkins.

Avançando rapidamente em suas pesquisas, em 1952, Franklin obteve ótimas imagens do DNA utilizando raio-X, sendo a principal delas, a “Fotografia 51”. Infelizmente, a pesquisadora não percebeu que a fotografia mostrava a estrutura do DNA, motivo de disputa entre pesquisadores na época.A fotografia 51

Um aluno que Franklin, sem que ela soubesse, mostrou a fotografia a Wilkins, que por sua vez, a mostrou para Watson e Crick, atuais detentores do mérito por terem descoberto a estrutura de dupla hélice do DNA.

Com o inusitado material em mãos, Watson e Crick perceberam o que Rosalind não percebeu: a estrutura em forma de dupla hélice do DNA. Por sua vez, publicaram a descoberta na revista “Nature” sem ao menos citar Franklin.

Devido a um câncer no ovário, Rosalind Franklin faleceu aos 37 anos, em 1958, sem ter recebido mérito algum por seu trabalho e acreditando que os pesquisadores haviam chegado a tais resultados independentemente de suas pesquisas.

Ela passou a ser reconhecida apenas a partir do final dos anos 1960, e em 2000, o próprio Watson reconheceu o papel de Franklin na descoberta. Anos mais tarde também foram descobertas cartas trocadas entre Watson, Crick e Wilkins, chamando a pesquisadora de bruxa e reconhecendo que não teriam chegado a seus resultados sem a fotografia 51.

Rosalind Franklin é uma mulher que merece ser lembrada como peça fundamental para os conhecimentos atuais sobre genética e para a luta contra o machismo.

11 de Março de 2014 at 19:07 3 comentários


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