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A Melatonina: O “super remédio”?

Bruna de Lima Piccinin Marçal Costa

Graduada em odontologia

 

 Uma substância fabricada naturalmente pelo nosso organismo está despontando na mídia como um “super remédio”. Ela é um hormônio chamado melatonina. Conhecida há 2000 anos, a melatonina, em humanos, é produzida por uma estrutura do sistema nervoso central.

O que está atraindo o interesse nesse hormônio são os estudos que mostraram que a melatonina quando administrada em pacientes pode induzir o sono sendo utilizada como terapia para as perturbações do sono, como a insônia, e nos transtornos decorrentes da mudança de fuso.

Como a produção de melatonina diminui com a idade, várias revistas de mídia e sites na internet trazem a informação de que a melatonina é uma espécie de “fonte da juventude”. Ela seria capaz até de reverter a passagem do tempo, mas para isso ainda não existe comprovação cientifica.

A melatonina é produzida pela glândula pineal que tem a forma de um cone de pinha (pineal) e no adulto mede 8 mm de comprimento por 4 mm de largura e pesa 0,1 a 0,2 gramas, ela é a principal estrutura do epitálamo. O epitálamo é uma pequena região do diencéfalo. Para melhor compreensão da sua localização é necessário aprofundar os conhecimentos anatômicos a cerca da parte central do sistema nervoso humano. Esse sistema é formado pelo encéfalo e pela medula espinal que fica dentro do canal vertebral, enquanto o encéfalo fica alojado dentro do crânio e é subdividido em: telencéfalo, diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico. O diencéfalo se divide em estruturas chamadas: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. Ele se expressa por meio do sistema nervoso autônomo, coordenando atividades da vida vegetativa, por exemplo, fome, sede, temperatura, sono e vigília. Na face posterior do diencéfalo está localizada a glândula pineal que está conectada a o epitálamo.

Na glândula pineal a produção da melatonina ocorre por meio de enzimas que transformam a serotonina em melatonina, o principal estimulo para sua produção inicia na retina, que percebe os impulsos claro-escuro, sendo que a melatonina é produzida somente no escuro, por isso funciona como um sinalizador, para o meio interno do dia e da noite. Dessa forma essa glândula é uma das estruturas principais responsáveis pelo ritmo biológico humano que adapta o organismo as flutuações do ambiente.

Funcionalmente, como essa região identifica as flutuações de luz? A luz incide na retina e estimula as células fotossensíveis, que por meio do nervo óptico chegam ao hipotálamo, estrutura que se localiza abaixo do tálamo e corresponde a 1% do volume do encéfalo, que ao receber essas informações da retina, sincroniza os ritmos internos com o ritmo de claro e escuro do ambiente externo, o que permite a sincronização com as 24 horas de um dia.

Apesar de já se ter conhecimento que a melatonina é um potente indutor do sono, não se sabe como ela se comporta nas várias alterações do sono. Também ainda não foram descritos seus efeitos colaterais. Assim, mesmo que muito interessante, seu uso na aplicabilidade clínica merece ser mais estudado. É sabido que o excesso dela no período diurno pode causar sensações de cansaço, fadiga e sonolência, inclusive depressão e que as pessoas que tem depressão endógena têm menos serotonina e mais melatonina do que as que não estão deprimidas. Então é necessária muita cautela no seu uso, essa substância só pode ser usada depois de uma indicação médica.

21 de Novembro de 2014 at 11:19 1 comentário

A glândula pineal e a melatonina no envelhecimento do sistema imune

Alécio Miranda de Souza

Biólogo

Universidade Estadual de Maringá

 

A glândula pineal está localizada no meio do cérebro em uma estrutura denominada epitálamo, na região do diencéfalo. Essa glândula tem um formato de cone de pinha sendo que no adulto ela pode medir cerca de 8 mm de comprimento por 4 mm de largura e chegar a pesar cerca de 0,1 a 0,2 gramas e possui uma superfície revestida por uma cápsula peal. A glândula pineal é responsável por secretar a melatonina, hormônio responsável pela regulação dos ritmos biológicos do corpo conhecido como ciclos circadiano, responsável pelos estados de sono e vigília.

A melatonina é produzida a partir da serotonina que por sua vez tem como substrato um aminoácido chamado de triptofano, normalmente ingerido numa alimentação equilibrada. Dessa forma a sequência seria o triptofano se transformar em Serotonina, e esta em melatonina. Durante  o dia a concentração de Serotonina fica aumentada na glândula pineal, inversamente ao que ocorre com a melatonina, que tem sua concentração aumentada a noite.

Fisiologicamente, a melatonina tem seu papel de regulação do sono e do ritmo biológico, essa substância é secretada durante o intervalo do sono no organismo humano obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, chamado ritmo circadiano. Dessa forma, em humanos, a produção de melatonina ocorre durante a noite decaindo ao amanhecer.

Os níveis baixos durante o dia de melatonina começam a aumentar ao escurecer ou anoitecer devido à diminuição da luminosidade que desencadeia sinais neuronais que estimulam a glândula pineal a produzir e liberar a melatonina, processo que vai se intensificando e atingindo pico máximo 2 a 3 horas após inicio do sono no jovem e 3 horas no idoso, quando começa a declinar até o mínimo, coincidindo com o amanhecer. O retardo no inicio da produção e liberação da melatonina são manifestações do processo de envelhecimento.

A melatonina, além do controle do ciclo circadiano, também regula muitas funções neuroendócrinas; quando o processo atingir o pico máximo de liberação, ele será interrompido (como ocorre no estresse, envelhecimento). Muitas funções fisiológicas e mentais ficam afetadas, por exemplo, a habilidade de pensar claramente, memória e tomadas de decisões poderão estar profundamente afetadas por este defeito do “relógio biológico”.

Com o envelhecimento a glândula pineal tem seu funcionamento afetado e há uma queda na produção da melatonina, o que acaba fazendo com que alguns pacientes idosos reclamem da qualidade do sono ou de insônia durante a noite, contrariamente com facilidade de dormir durante o dia, assistindo televisão, quando não deveriam.

Na medida em que o organismo humano envelhece o Sistema Imunológico vai perdendo o desempenho vigilante, diminuindo as defesas e permitindo que o organismo fique mais vulnerável às constantes agressões. Pesquisas atuais têm sugerido haver uma importante relação entre alguns hormônios (Estrogênio, Testosterona, Pregnenolona, Hormônio do Crescimento e Melatonina) e o Sistema Imunológico.

Nesse sentido a melatonina vem se destacando como um agente de manutenção do equilíbrio e do  funcionamento do sistema imunológico, pois tem um largo efeito imuno-estimulador que aumenta a atividade das células conhecidas como células T-helper, um importante tipo celular que age especificamente para organizar e iniciar uma nova resposta imune, como se fosse um maestro de uma orquestra. Os efeitos  imunomoduladores (moduladores imunológicos) e protetores da melatonina sugerem que este hormônio possa ser considerado como uma alternativa terapêutica para combater as doenças principalmente virais.

15 de Setembro de 2014 at 20:41 1 comentário


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