A glândula pineal e a melatonina no envelhecimento do sistema imune

15 de Setembro de 2014 at 20:41 1 comentário

Alécio Miranda de Souza

Biólogo

Universidade Estadual de Maringá

 

A glândula pineal está localizada no meio do cérebro em uma estrutura denominada epitálamo, na região do diencéfalo. Essa glândula tem um formato de cone de pinha sendo que no adulto ela pode medir cerca de 8 mm de comprimento por 4 mm de largura e chegar a pesar cerca de 0,1 a 0,2 gramas e possui uma superfície revestida por uma cápsula peal. A glândula pineal é responsável por secretar a melatonina, hormônio responsável pela regulação dos ritmos biológicos do corpo conhecido como ciclos circadiano, responsável pelos estados de sono e vigília.

A melatonina é produzida a partir da serotonina que por sua vez tem como substrato um aminoácido chamado de triptofano, normalmente ingerido numa alimentação equilibrada. Dessa forma a sequência seria o triptofano se transformar em Serotonina, e esta em melatonina. Durante  o dia a concentração de Serotonina fica aumentada na glândula pineal, inversamente ao que ocorre com a melatonina, que tem sua concentração aumentada a noite.

Fisiologicamente, a melatonina tem seu papel de regulação do sono e do ritmo biológico, essa substância é secretada durante o intervalo do sono no organismo humano obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, chamado ritmo circadiano. Dessa forma, em humanos, a produção de melatonina ocorre durante a noite decaindo ao amanhecer.

Os níveis baixos durante o dia de melatonina começam a aumentar ao escurecer ou anoitecer devido à diminuição da luminosidade que desencadeia sinais neuronais que estimulam a glândula pineal a produzir e liberar a melatonina, processo que vai se intensificando e atingindo pico máximo 2 a 3 horas após inicio do sono no jovem e 3 horas no idoso, quando começa a declinar até o mínimo, coincidindo com o amanhecer. O retardo no inicio da produção e liberação da melatonina são manifestações do processo de envelhecimento.

A melatonina, além do controle do ciclo circadiano, também regula muitas funções neuroendócrinas; quando o processo atingir o pico máximo de liberação, ele será interrompido (como ocorre no estresse, envelhecimento). Muitas funções fisiológicas e mentais ficam afetadas, por exemplo, a habilidade de pensar claramente, memória e tomadas de decisões poderão estar profundamente afetadas por este defeito do “relógio biológico”.

Com o envelhecimento a glândula pineal tem seu funcionamento afetado e há uma queda na produção da melatonina, o que acaba fazendo com que alguns pacientes idosos reclamem da qualidade do sono ou de insônia durante a noite, contrariamente com facilidade de dormir durante o dia, assistindo televisão, quando não deveriam.

Na medida em que o organismo humano envelhece o Sistema Imunológico vai perdendo o desempenho vigilante, diminuindo as defesas e permitindo que o organismo fique mais vulnerável às constantes agressões. Pesquisas atuais têm sugerido haver uma importante relação entre alguns hormônios (Estrogênio, Testosterona, Pregnenolona, Hormônio do Crescimento e Melatonina) e o Sistema Imunológico.

Nesse sentido a melatonina vem se destacando como um agente de manutenção do equilíbrio e do  funcionamento do sistema imunológico, pois tem um largo efeito imuno-estimulador que aumenta a atividade das células conhecidas como células T-helper, um importante tipo celular que age especificamente para organizar e iniciar uma nova resposta imune, como se fosse um maestro de uma orquestra. Os efeitos  imunomoduladores (moduladores imunológicos) e protetores da melatonina sugerem que este hormônio possa ser considerado como uma alternativa terapêutica para combater as doenças principalmente virais.

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