SAÚDE DO HOMEM: O QUE ESTÁ SENDO FEITO NO SEU MUNICÍPIO?

24 de Junho de 2015 at 17:27 Deixe um comentário

Autor: Profa. Doutoranda Natália Maria Maciel Guerra Silva
Universidade Estadual do Norte do Paraná – Doutoranda em Biociências e Fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá

Em 2009 o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Saúde do Homem no intuito de melhorar os índices de morbidade e mortalidade* de homens de 18 a 59 anos, período da vida até então descoberto pelos serviços públicos. Hoje, seis anos depois, quando paramos para analisar esta temática, podemos nos perguntar: O que já foi feito? O que melhorou nas políticas públicas com relação a saúde do homem? O que cada profissional de saúde pode fazer no seu local de trabalho?

De acordo com dados da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (PNAISH) do Ministério da Saúde , no ano de 2005, as principais causas de mortalidade na população masculina entre 20 e 59 anos eram as externas (acidentes, envenenamentos, violência, etc); seguidas das doenças do aparelho circulatório. Dados mais atuais demonstram que estas continuam as mesmas.

dd

 

Muitas das necessidades de saúde não se manifestam como um problema imediato, mas como algo evitável, no qual a atenção básica pode intervir com ações preventivas e de promoção à saúde. Entretanto, vários autores mostram que é uma característica masculina a não procura por serviços de saúde, sendo que alguns acreditam que isso ocorra para não diminuir a sua masculinidade e outros que os serviços de saúde não estão preparados para atender os homens.

Consequentemente, a falta de acesso destes aos serviços de saúde pode agravar uma doença que não teve diagnóstico precoce. O que pode ser combatido com medidas como disponibilizar atendimento em horários diferenciados (durante horário de almoço, 24 horas, aos sábados e domingos ou à noite). Em locais onde foram feitos estes ajustes houve maior presença masculina buscando atendimento.

No Brasil não há ações continuadas voltadas à população masculina na faixa etária de 20 a 59 anos e as atividades existentes e direcionadas aos homens são pontuais, com pouca articulação com as diretrizes propostas na PNAISH e geralmente estas são voltadas para ações clínico-assistenciais.

No estado do Paraná verifica-se que no site da Secretaria de Saúde existe a descrição dos programas existentes, mas não foi encontrado nada sobre a saúde do homem, apenas dados epidemiológicos genéricos na comparação entre homens e mulheres no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis.

Em alguns municípios como é o caso de Maringá houve a implantação do atendimento específico ao homem em cinco unidades de saúde especializadas com atendimento em horários alternativos e médicos preparados para as necessidades dos pacientes do sexo masculino.

Todavia, na maioria dos municípios de pequeno porte não há estruturação dos serviços para o atendimento do homem. Tanto que em um estudo realizado no município de Bandeirantes (PR) verificou-se que 75% dos homens com alteração da pressão arterial, não tinham diagnóstico prévio para hipertensão e no mesmo estudo ainda encontrou 7% dos homens acima de 40 anos com alteração do PSA (exame que verifica problemas na próstata) sendo que 2 tiveram confirmação de câncer de próstata.

Portanto, verifica-se que o atendimento ao homem ainda é desarticulado nos postos de saúde e os atendimentos se caracterizam pelos serviços assistenciais, mas deve-se estruturar os atendimentos em rede, capacitar os profissionais de saúde e promover atendimento em horários alternativos e/ou buscá-los em seus locais de trabalho para conseguir promover a atenção básica e prevenir complicações de saúde.

 

ESTUDOS SOBRE SAÚDE DO HOMEM

  • BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria MS/GM n° 1.944, de 27 de agosto de 2009; Institui no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem; 27/08/2009
  • BRASIL, Ministério da Saúde, Sala de Apoio à Gestão Estratégica: Situação em Saúde, Indicadores de Mortalidade, Disponível de < http://189.28.128.178/sage/>
  • CARRARA, S; RUSSO, J; FARO, L; “A política de atenção à saúde do homem no Brasil: os paradoxos da medicalização do corpo masculino”; Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 19 [ 3 ]: 659-678, 2009.
  • COUTO, M.T. et al. O homem na atenção primária à saúde: discutindo (in)visibilidade a partir da perspectiva de gênero. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v.14, n.33, p.257-270, abr./jun. 2010.
  • FIGUEIREDO, W.S. Masculinidades e cuidado: diversidade e necessidades de saúde dos homens na atenção primária. 2008. 295f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • KNAUTH, D.R; COUTO, M.T; FIGUEIREDO, S.; A visão dos profissionais sobre a presença e as demandas dos homens nos serviços de saúde: perspectivas para a análise da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem; Ciência & Saúde Coletiva, 17(10):2617-2626, 2012.
  • VIEIRA, K.L.D.; GOMES, V.L.O; BORBA, M.R.; COSTA, C.F.S.; Atendimento da população masculina em unidade básica saúde da família: motivos para a (não) procura; Esc Anna Nery (impr.) 2013 jan -mar; 17 (1):120 – 127.

 

*MORBIDADE = É um dos importantes indicadores de saúde. Muitas doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade, como a asma. Morbidade é um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos a saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem sempre é fácil, pois são muitas as limitações que atribuem para esta dificuldade.

*MORTALIDADE: é a variável característica das comunidades de seres vivos; refere-se ao conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo do tempo. Representa o risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de poder vir a morrer ou de morrer em decorrência de uma determinada doença. Diversas vezes temos que medir a ocorrência de doenças numa população através da contagem de óbito e para estudá-las corretamente estabelecemos uma relação com a população que está envolvida. É calculada pela taxas ou coeficientes de mortalidade. Representam o “peso” que os óbitos apresentam numa certa população.

CONHEÇA MAIS SOBRE INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS:

Click to access epid_visa.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/Morbidade

http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/Conceitos.htm

Entry filed under: Sem categoria.

A “úlcera de Bauru” já não é mais só de Bauru! Crodowaldo Pavan e a genética brasileira

Deixe um comentário

Trackback this post  |  Subscribe to the comments via RSS Feed


Site do MUDI

Arquivo